A arquitetura da felicidade
Sabia que as pessoas são influenciadas de forma profunda e decisiva pela arquitetura à sua volta seja a do lar a do trabalho ou a das ruas?
O escritor suíço Alain de Botton também filósofo concordando com isso arremata a ideia: ‘todo estilo arquitetônico fala de uma compreensão de felicidade.’ Sucesso de público e de crítica em todo o mundo por sua maneira peculiar de falar de filosofia a partir de aspectos da vida cotidiana De Botton lança ‘A Arquitetura da Felicidade’ onde faz uma espécie de Feng Shui da contemporaneidade analisando como o estilo e a aparência de cada construção e os objetos que a preenchem afetam a sensibilidade o humor e até mesmo a personalidade dos homens.Para o autor muito sobre o estado de espírito de alguém é dito pelo ambiente que o cerca. Em outras palavras as pessoas são influenciadas de forma profunda e decisiva pela arquitetura à sua volta seja a do lar a do trabalho ou a das ruas. Alain de Botton sugere que a arquitetura é capaz de modificar nossas vidas afetivas ou profissionais influenciando o modo de ser e de sentir de cada um. Para ele o que procuramos numa obra arquitetônica não está distante daquilo que buscamos num amigo – e amigos como casas são escolhidos pelo bem-estar.
A arquitetura, mesmo na sua forma mais consumada, será sempre um pequeno e imperfeito protesto contra o estado de coisas.
O livro frisa muito bem que nós mudamos de gosto diversas vezes ao longo da vida (né non?) e que a casa que achamos bonita hoje, amanhã pode não ser mais tão bela assim. Uma coisa até pior: ela pode deixar de nos fazer bem! Essa é outra questão abordada: o quanto a nossa moradia pode influenciar o nosso humor, nossas atitudes e até a nossa própria personalidade. Ou como ela pode nos acalmar ou nos estressar durante o dia-a-dia.
Sensibilidade à arquitetura tem também seus aspectos mais problemáticos. Se um único aposento é capaz de alterar o que sentimos, se a nossa felicidade pode depender da cor das paredes ou do formato de uma porta, o que acontecerá conosco na maioria dos lugares que somos forcados a olhar e habitar?
Um dos motivos da minha crise, engloba um pouco dessa parte de “estilos de construção” e qualidade arquitetônica. Devo admitir que já comecei a leitura desse capítulo com um pé atrás, mas o que o autor mostrou vai muito além da teoria… querendo ou não, arquitetura lida com pessoas, com a saúde e com o emocional. É algo extremamente delicado e foi esse viés mais ‘sensitivo’ que mais me conquistou durante a leitura.
Parece meio estranho, eu sei. Mas se pararmos pra pensar, sutileza, algo convidativo, calmaria ou extroversão são, sim, características que podem estar presentes tanto em uma casa, quanto em um amigo.
Quem é muito agitado pode procurar equilibro. Pessoas desorganizadas podem se sentir mais atraías por ambientem mais limpos, que remetem uma organização a ser alcançada. Alguém mais sistemático e que sofre com isso, pode se interessar por um ambiente mais despojado. E assim vai… procuramos aquilo que nós gostaríamos de ser/ter.
Sentimos prazer diante de uma aparência de leveza ou delicadeza frente à pressão – colunas assim parecem nos perecer uma metáfora de como nós gostaríamos de nos comportar com relação ao peso que somos obrigados a carregar.
O que buscamos, no nível mais profundo, é parecer com os objetos e lugares que nos tocam pela sua beleza, mais do que possuí-los fisicamente.
Isso sintetiza muito bem uma outra grande parte do livro. Nem sempre dá para cada pessoa fazer o que ela própria acha bonito em sua residência. Mais cedo ou mais tarde, tudo se transformará em poluição e desgosto visual. Podemos relacionar isso até com cidadania – abdicar, só um pouquinho, do seu gosto, para um todo social melhor e mais agradável. Além dos outros dois pontos contidos na frase: a harmônia entre si mesmo e mostrar um pouco do local onde se encontra e de sua época.
Título: A Arquitetura da Felicidade
Autor: Alain de Botton
Editora: Rocco
Páginas: 267 O livro é dividido em 6 capítulos: 1- A importância da arquitetura; 2- Em que estilo se deve construir?; 3 – Construções que falam; 4 -Lares ideais; 5 – As virtudes das construções; 6- A promessa do campo.